Algumas tradições do passado falam sobre um momento futuro no qual o tempo passaria de forma cada vez mais acelerado. Acho que já chegamos a esse momento.
Isto significa que seja o que for que estejamos fazendo, nunca teremos tempo suficiente para fazer todas as coisas que programamos. Os anos entram e vão, embora de forma espantosa.
Claro que o sistema que criamos para ser o nosso guia neste mundo não ajuda em nada, os seres humanos vivem em briga constante contra o relógio, contra o tempo.
A meu ver, a única forma de sairmos dessa roda de “samsara” – a grande ilusão –, é edificarmos a nossa vida de forma a estarmos em um momento de tempo diferente das demais pessoas e mesmo do mundo em que vivemos.
Recordo um pensamento indígena em que o velho ancião dizia:
“O homem branco precisa do tempo do índio, o dele causa câncer”.
Qual é o tempo do índio? Pela minha experiência, é justamente viver uma vida mais simples, mais despojada, sem se dar tanta autoimportância, focar mais no presente, e principalmente estar envolvo à natureza.
O povo indígena navajo, na América do Norte, mantém vivo em suas antigas tradições um ensinamento que diz muito sobre a nossa forma de vida nos dias atuais. Viver em grandes centros urbanos é viver uma vida enlouquecedora, porque as cidades tornam as pessoas loucas.
Acho que basta olharmos uma cena de qualquer grande cidade do mundo para constatarmos o quão verdadeiro isso é.
Esta semana, (ano de 2015), o secretário geral da ONU mais uma vez alertou para mudanças climáticas devastadoras, sem possibilidade de reversão. Hoje, em 2023, quando releio este texto, este alerta foi repetido por estarmos às portas da não possibilidade de reversão da destruição planetária.
Sei que tem gente que não acredita nisso, mas basta olharmos para o quadro geral no Planeta para verificarmos o quão perto estamos em pagar o preço da nossa arrogância.
A natureza é o grande regenerador, não apenas da vida humana, mas de tudo que existe na Terra. Uma caminhada no campo, adeus estresse. Um fim de semana na praia, revigora a alma. Viver em uma cidade pequena, bem harmonizada, cria novas perspectivas, faz a pessoa renascer.
Tempo é aquilo que quando somos jovens não conseguimos dar o verdadeiro valor. E não digo isso porque um dia iremos partir deste mundo, mas porque saber utilizar o precioso tempo demonstra sabedoria e sentido de existência.
Você pode viver muito tempo e ser um tolo, ter desperdiçado seu tempo das piores formas, mas pode viver metade disso e ter feito cada momento ter valido a pena. Não é quanto tempo vivemos na Terra que realmente importa, mas como vivemos esse tempo. Viver mais, não significa ter vivido melhor.
Tire um tempo livre para não fazer nada, caminhar em um parque, viajar por lugares em meio a paisagens naturais. Os cenários dos grandes centros urbanos não estão só poluídos pela química presente no ar, mas também por energias e formas-pensamentos que envenenam e contaminam a nossa alma.
Coloque o tempo a seu favor — os seres humanos andam sempre em bandos — caminhe um pouco antes, ou um pouco depois, mas jamais junto das massas.
Prefira uma “solidão” sadia, que estar na companhia daquilo que o envenena e o mata aos poucos.
Luz e paz
2015, 11 dezembro, Curitiba, Brasil